FEDERAÇÃO HÍPICA DE MINAS GERAIS



Prezados diretores, representantes ou proprietários de Hípicas ,

Há alguns anos que eu como médico, como cavaleiro e como diretor da FHMG, tenho uma preocupação muito grande com o serviço de ambulância nas provas de salto. Certa vez fiz uma consulta ao Conselho Regional de Medicina de MG sobre a atuação de um médico no momento de um acidente. A resposta foi bem extensa, com orientações e condutas mas se resumia na seguinte frase: o médico que se habilitar a salvar um atleta no momento de um acidente deverá ter plena consciência de seus atos, dispor de materiais e medicamentos e se responsabilizar por imperícia. Ou seja, se não há materiais como ambu, oxigênio, laringoscópio, DEA (desfibrilador), tubos endotraqueais, colete cervical, além de medicamentos como soro fisiológico, Ringer lactato, seringas, adrenalina, analgésicos, broncodilatadores, o médico deve si julgar incapaz e declarar isto aos organizadores do evento que passarão ter responsabilidade jurídica. Se a ambulância não tem estes materiais e medicamentos ou nem ao menos tem enfermeiros que possam auxiliar, a responsabilidade jurídica é do clube organizador do evento.

Nas diretrizes 2015 da FHMG, diz no artigo 1.1.10: “E obrigação do clube organizador do evento oferecer serviço de atendimento médico de urgência (ambulância) destinado ao transporte imediato em caso de acidentados e atendimento local.” Nunca houve serviço de atendimento MÉDICO de urgência. No meu entender, o clube está assumindo um risco enorme porque aceita ter a responsabilidade em dar um atendimento médico de urgência e nem tem médico, nem enfermeiros, nem medicamentos e muito menos condições de dar um socorro digno. Felizmente temos poucos acidentes mas na última etapa do Campeonato Mineiro em Santa Luzia uma amazona teve queda perigosa, teve convulsão, e poderia ter tido uma parada respiratória! As 2 ambulâncias presentes não tinham nenhuma medicação e as balas de oxigênio estavam estragadas. Não havia enfermeiros mas somente motoristas!!

Sendo assim, eu em nome da diretoria da FHMG gostaria de enviar uma proposta a todos os clubes realizadores de evento, enfatizando a necessidade de ter um médico de plantão nos dias do evento, mesmo que isto possa trazer maior gasto mas que resguarda a vida dos cavaleiros e amazonas. Que este gasto fosse pago por patrocinadores ou até mesmo por aumento no valor das inscrições. Quero que fique bem claro para os clubes, cavaleiros, amazonas, pais e professores que a FHMG julga de extrema importância esta segurança aos seus atletas e alunos. Além disto, a diretoria da FHMG estará realizando em cada clube a partir de junho, a capacitação de professores no atendimento de alunos ou filiados acidentados em dias de treinos. Isto será feito com a equipe do SAMU e aí daremos ao clube um selo de qualificação em socorro de urgência. Já estamos em negociação com o Corpo de Bombeiros e será gratuito.

Concluindo, a Federação Hípica de Minas Gerais nas suas atribuições estatutárias vem recomendar intensamente a todos os clubes realizadores de eventos nas categorias salto, adestramento e enduro que o serviço de atendimento médico de urgência durante os dias de provas tenha a presença física de um médico seja especializado em traumatologia, urgência, emergência ou com proficiência em pronto atendimento médico em todos os dias de provas. Ressaltamos ainda a importância das ambulâncias disporem de materiais e medicamentos apropriados e que não sejam somente para o transporte de um acidentado. A responsabilidade jurídica por negligência ou por imperícia é exclusivamente do clube realizador do evento.

Atenciosamente,

Roberto M. Souza Lima

Federação Hípica de Minas Gerais

Presidente